domingo, 26 de julho de 2015

CONTOS DE CAÇADAS

UMA CAÇADA DE PERDIZ!!!


Dias atrás estive com um velho caçador de perdiz, em conversa ele me relatou uma caçada no estado onde se come o feijão tropeiro, o queijo tanto duro prá ralar quanto o mole fresco, a famosa farinha de mandioca beiju e o amargo palmito guariroba. Qualquer um pode adivinhar que é o estado de Goiás.
Ele não soube precisar, talvez a caçada tenha sido nas décadas de 80 ou 90, uma época memorável onde se praticava a caça, embora proibida, mas sem tanta perseguição aos caçadores.
Assim o Tonicão relata:
Chegamos à casa do meu amigo à tarde numa quinta-feira, acompanhavam-me nessa viagem meu amigo de caçada, meu cão pointer e minha cal.20
Para outro dia já havia uma caçada arrumada com meu amigo da cidade, e para lá partimos logo pela manhã. Chegamos à propriedade, onde o palco das ações seria um campo de braquiária cercado por milharal em pé por dois lados. Aproximamos para cumprimentar o proprietário que alimentava os cochos das vacas leiteiras com silagem previamente armazenada para o inverno. Enquanto trocávamos umas palavras a sinfonia de perdizes não cessava, era perdiz cantando por todos os lados. Aquilo subia um calafrio e a ansiedade tomava conta da gente.
Sem muitas delongas com conversas, pois não havia tempo a perder saímos no pasto. Já na saída o pointer amarrou bonito e pula uma codorna que foi logo pelo chão. Logo depois o cão amarrou com classe e cheio de euforia, pois ficara tempo sem caçar, parecia até que queria cercar a perdiz de tanto que desejava não perde-la. Assim, logo levanta voo o imponente perdigão, atirei, mas só ficou um tufo de penas no ar e seu bater de asas continuou. Porém, seu voo foi interrompido pelo meu amigo que estava posicionado mais abaixo e, com sua cal.12, mesmo com choque cilíndrico, segurou a bicha que estava bem distante dele. Quando se atira e machuca a ave, ficamos muito contentes que o companheiro atire para não deixa-la que se vá ferida.
O local deixou-nos surpresos pela grande quantidade de perdizes que voaram sem a perseguição do cachorro num campo tão pequeno, foram tantas que se tivéssemos atirados em todas não conseguiríamos carregar. Uma delas partiu para o brejo e foi detida por nossa sequência de tiros, infelizmente não conseguimos localizá-la muito embora não foi poupado esforço em procurá-la. Só desistimos mesmo por conta do capim navalha que lanhou profundo minhas mãos. O capim corta como uma navalha e assim que corta dá um ardimento na mão como se fosse uma picada de inseto e o sangue verte de imediato.
Naquele dia à tardinha fomos para outro local incrível. Era um pasto de braquiária ladeado por uma soqueira de milheto. Assim que chegamos ouvimos outra sinfonia de perdizes, era” fiuu-fiufiu” por todos os lados. Estavam todas comendo milheto. Assim que adentramos ao milheto fomos andando em paredão, o cão ziguezagueando e os quero-queros cantando sem parar. Deu me a entender que além das perdizes perceberem nossa presença foram alertadas pelo aviso de perigo dos quero-queros e, como por encanto sumiram todas.
Descemos no outro pasto e já estávamos super. cansados e sem dar um só tiro, o desânimo tomou conta de nós. Nosso cão embora cansado por conta da temperatura alta e sem água, deparou com o faro de uma perdiz e se amimou de certa forma que parecia ter ressuscitado e com destreza de mestre fê-la voar. Foi uma queda bonita que mereceu a bela amarração. Comemoramos o ato como um feito que nada existe de melhor. -- E a canseira? Sumiu, vejam como a animação faz a gente esquecer da canseira
No Sábado fomos para outro local maravilhoso, era um pasto numa leve inclinação do terreno onde na parte alta havia um cultivo de milho ainda sem colher. Tudo indicava que haveria perdizes por ali. Assim que chegamos já vimos uma andando altiva pela braquiária. Logo a seguir muitos piados de outras. Não demorou muito e meu cão amarrou bonito uma perdiz. As amarrações eram tão lindas que muitas vezes falava que mais caçava para alimentar o instinto do cão. O perdigão levantou atirei e caiu, comemorei o belo tiro e perguntei para o companheiro porque ele não havia atirado, e ele me respondeu que atirou também. Assim foram dois tiros exatamente ao mesmo tempo, que até o sitiante que assistia a cena confirmou que foi um só tiro.
Assim ouvi mais um belo relato de um caçador aposentado.

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